SANGUE NORDESTINO NA VEIA

Vejo hoje im revista i jorná,
Árguem falando do nordestino,
Paricendo invocação do satanás,
Essa provocação, esse desatino.
 
Cuma pode um cabra da peste
Ou uma muié da bixiga lixa,
Falá do povo do meu nordeste,
Tentando fazer toda essa rixa.
 
Esses cabras da muléstia,
Disconhece a histórica,
Num vô falá cum modéstia,
Vô fazer valê a retórica.
 
Se esse país agora ixiste,
É pro causa do nordeste,
Foi lá o discubrimento,
Sem querê ressentimento.
 
E pro causa do discubrimento,
Qui hoje samo essa nação
Samo tudo um juntamento,
Um só povo e só coração.
 
Nu nordeste num fala mau do sul,
Nem do norte, nosso vizinho,
Poi todo esse lindo céu azul,
Num é de um povo sozinho.
 
Do centro oeste num se fala,
Num tem essa de criticá,
Pru quê se arguém se cala,
É prú quê num quê falá.
 
Agora vem uns pingo de gente,
Quereno dividí nossa nação,
Paricendo uma tá serpente,
Cum veneno nos dentão...
 
Tentano ivenenar o povo,
Falano da gente nordestina,
Isso num é certo, desaprovo,
Tôda forma qui desatina.
 
Se num gosta do nordeste,
É um probrema de seu gosto,
Num ixiste um cabra da peste,
Quí vá lá e tenha desgosto.
 
É lá quí só tem aligria,
Tem um São Juão arretado,
Uma festança e muita fulia,
Nessa ninguém fica parado.
 
A Safona arrasta todo mundo
Prá um forró sem caristia
Num para um segundo
É dia e noite, noite dia.
 
É um xote, um xaxado,
Arrasta pé e estripulia,
Ninguém fica discabriado,
Cum tanta gente e energia.
 
Tem também o Maracatú,
Ôta dança do nordeste,
Dança eu, dança tu,
E todo cabra da peste.
 
Também tem o tá do frevo,
Ôta dança que é quente,
Nessa eu nem me atrevo,
O véio aqui tá sem patente.
 
Mai vô dizendo logo prá ocê,
Cabra que num gosta de nós,
Num sei o quí quer vosmecê,
Mai cego os zóios iguá aveloz.
 
Num mexa cum nordestino,
Se vosmecê num tem coragem,
Se tú num é um paladino,
Num venha cum sacanagem.
 
Pois nesse mundo todinho,
Tem um nordestino errante,
Cada canto um dedinho,
E um cabra dizeno oxente.
 
Pro quê a solução do mundo,
Tá num nordestino arretado,
Dispois que Deus fez o mundo,
Deixou pregado esse recado.
 
Se num credita nu qui falo,
Num tenho qui te dá razão,
Vosmecê vai se lascá inté o talo,
Eis a lógica da criação.






 
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 03/06/2016
Reeditado em 08/06/2016
Código do texto: T5655995
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.