ELEGIA TUPININQUIM
Tapajós! Eu aqui tão só.
Presente ilusão como espumas
nas praias do Tocantins...
Salvaterra!
Quem te salvará ?
E o amor que tanto navega,
não chega a nenhum lugar.
Mas o tempo não tem esperar,
o tempo não se faz em redondilhas,
e quem espera o meu retornar ?
Este filho Rompe Mato,
esse rosto Kaxuyana,
essa raça cabocla,
coração açaí-araçá.
Almerim – longe além – aquém de mim,
aflora outras verdades,
mesmo verdade não se implora,
fere e arde - nos devora,
como a cobra grande que apavora,
embaixo das colinas onde nasci.
Monte Alegre,
Essa tristeza dói profundamente,
a de se assistir ao fogo – na devastação.
Em qual memória vamos habitar?
Talvez numa Piracaia vadia
o brilho do luar lagrimando
numa canção sem nome.
Marambiré, Marabaixo,
Mari mari, Marabá,
Matamatá!
Doce harmonia palavrear.
Mas aliteração não traduz
a palavra que me faz indignar.
E tu - Tapajós cristalino,
doce rio menino
na mira da encruzilhada maldita,
sina do Xingu.
Tanta riqueza indo meu lindo,
ouro, ferro, bauxita, manganês,
sob a égide da cobiça sem limites.
E quem se importa com o poema,
brindará um cálice de vinho ?
A quem chegará à informação
do Lúcio Flávio Pinto...
Avoé Kaiapós, Way Way, Gaviões,
como se levantar a gente
que habita beiradãos.
Ah Tapajós! Cá ainda estou tão só,
nesse lugar comum.
Mas a procura de um povo
que se chamava: cabanos!
Em pleno século XXI.