ELEGIA TUPININQUIM

Tapajós! Eu aqui tão só.

Presente ilusão como espumas

nas praias do Tocantins...

Salvaterra!

Quem te salvará ?

E o amor que tanto navega,

não chega a nenhum lugar.

Mas o tempo não tem esperar,

o tempo não se faz em redondilhas,

e quem espera o meu retornar ?

Este filho Rompe Mato,

esse rosto Kaxuyana,

essa raça cabocla,

coração açaí-araçá.

Almerim – longe além – aquém de mim,

aflora outras verdades,

mesmo verdade não se implora,

fere e arde - nos devora,

como a cobra grande que apavora,

embaixo das colinas onde nasci.

Monte Alegre,

Essa tristeza dói profundamente,

a de se assistir ao fogo – na devastação.

Em qual memória vamos habitar?

Talvez numa Piracaia vadia

o brilho do luar lagrimando

numa canção sem nome.

Marambiré, Marabaixo,

Mari mari, Marabá,

Matamatá!

Doce harmonia palavrear.

Mas aliteração não traduz

a palavra que me faz indignar.

E tu - Tapajós cristalino,

doce rio menino

na mira da encruzilhada maldita,

sina do Xingu.

Tanta riqueza indo meu lindo,

ouro, ferro, bauxita, manganês,

sob a égide da cobiça sem limites.

E quem se importa com o poema,

brindará um cálice de vinho ?

A quem chegará à informação

do Lúcio Flávio Pinto...

Avoé Kaiapós, Way Way, Gaviões,

como se levantar a gente

que habita beiradãos.

Ah Tapajós! Cá ainda estou tão só,

nesse lugar comum.

Mas a procura de um povo

que se chamava: cabanos!

Em pleno século XXI.

Edu Dias
Enviado por Edu Dias em 12/11/2014
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