Ode à Brasília
Ode à Brasília
Encanta-me teu poente
De um céu colorido de escarlate,
Com os teus últimos fios de sol, tênues,
Profundos, iluminando
A esmo minhas caminhadas.
Indago à natureza na tentativa
De entender teus desertos
E tua biodiversidade.
Apaixona-me
As imagens tortas de teus cerrados,
Desenhos rabiscados no horizonte.
Deslumbram-me teus planaltos
Onde outrora desabrochavam
Imaculadas pétalas coloridas
E, já agora,
Carcomidos,
Encharcados da lama putrefata
Que escorre pelas entranhas do poder!
Teu povo, de origem vária,
Busca uma identidade
E na construção de uma consciência
Cidadã, solidária,
Finca
Seus pilares,
Como que a renegar
O verbo da corrupção,
Não conjugado por tua gente.
Uma herança maldita, a ti imposta,
Proveniente de todos os quadrantes,
De todos os lugares.
Querem te construir silêncio,
Trapo de língua amordaçada!
Querem fazer de ti azémola pacata.
Mas como silenciar vozes e braços
De sonhos e esperanças cheios
Que do vasto espaço te fez cidade?