Ode à Brasília

Ode à Brasília

Encanta-me teu poente

De um céu colorido de escarlate,

Com os teus últimos fios de sol, tênues,

Profundos, iluminando

A esmo minhas caminhadas.

Indago à natureza na tentativa

De entender teus desertos

E tua biodiversidade.

Apaixona-me

As imagens tortas de teus cerrados,

Desenhos rabiscados no horizonte.

Deslumbram-me teus planaltos

Onde outrora desabrochavam

Imaculadas pétalas coloridas

E, já agora,

Carcomidos,

Encharcados da lama putrefata

Que escorre pelas entranhas do poder!

Teu povo, de origem vária,

Busca uma identidade

E na construção de uma consciência

Cidadã, solidária,

Finca

Seus pilares,

Como que a renegar

O verbo da corrupção,

Não conjugado por tua gente.

Uma herança maldita, a ti imposta,

Proveniente de todos os quadrantes,

De todos os lugares.

Querem te construir silêncio,

Trapo de língua amordaçada!

Querem fazer de ti azémola pacata.

Mas como silenciar vozes e braços

De sonhos e esperanças cheios

Que do vasto espaço te fez cidade?

aroldo camelo de melo
Enviado por aroldo camelo de melo em 01/09/2005
Código do texto: T46848