Meu Velho Chico
Belo rio que roça as ancas da Amélia
Ilha mais bela das tantas desse velho
Chico mineiro tuas baianas camélias
Filhas te veneram o serpenteio ligeiro
Das colinas verdejantes teu rastro aviva
No desejo gélido do mergulho sutil
Em teus cristais aquosos um corpo vil
Quem não viu a pureza desta alma cativa?
Santo rio como riu de tua graça
Que outrora se engraça nas lendárias serpentes
No fogo desta ilha que deu luz a esta gente
Debruçada sobre o Francisco a Dutra passa
Cruzes em meu credo nestas velas vadias
Nestas proas estranhas de carantonhas belas
Carrancudas criaturas entre alas paralelas
Espantam maus espíritos, perpetuam alegrias
No manso sacolejo te embalo em mil marolas
E permites minha garganta tua sede saciar
Meu corpo tão penitente de no peito te abrigar
Meu rio de todas, de muitas longínquas horas.
Carlos Roberto Felix Viana