Frio e Chuva


Céu escuro parece noite.
É noite, e a chuva não passa.

Uma sinfonia de agouro.
Com a dor de saudade.

Chuva forte, cai depressa.

Esfria, e o corpo treme.
Medo do retorno para a cidade fria.

As rugas dos dedos aumentam.
Há mais frio.
E, uivos de vento entrando nas frestas.
Há muito mais frio.

Dedos ficam rijos e azuis.
A sombra da morte bate na porta.
E a solidão ocupa todos os espaços.

A fome entra sem ser convidada.
O alimento espera congelado.
Congelado...

O cobertor, mal cobre as pernas.
A cada movimento esfria mais.
Não há como evitar a tremedeira.

A cada aspirar, um ar congelante sufoca.
Dói o pulmão e a alma.

Dói de saudade dos dias mornos,
Todos os dias do ano.

PESADELO.
Bom demais acordar no litoral da Bahia.

         
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A Regina Michelon
Enviado por A Regina Michelon em 04/08/2009
Reeditado em 16/07/2017
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