Anos de chumbo?
Macacões de bocas de sino, cabelos black-power, sapatos cavalo de aço,
Camisas volta ao mundo, tamancos, tênis Bamba, pulseiras no braço...
O rock e o soul rolavam soltos, animando as frenéticas pistas,
E os brothers, naqueles balanços, sentiam-se como artistas.
Mascando chicletes e fazendo bolas,
Cintos grossos com enormes fivelas,
Camisas abertas, estampadas, sem golas,
Medalhões no pescoço de cor amarela.
Calças Lee e US TOP eram “tops de linha”,
Desbotadas e puídas eram mesmo “transadas”,
Eram compradas apertadas, muito justinhas,
Por “tremendões” da época sempre usadas.
Radinhos de pilha, gravadores, vitrolas,
Tv preto e branco, Rural, Gordini e Vemaguete,
Colchões de capim e as camas de molas,
Tem Coca-cola, mas “quem bebe Grapette repete".
Dizem que aquilo tudo “já era”,
O Giulliano Gemma diziam: ”um pão”,
Vou pedir mais “tutu” pra “intera”,
Não quero ser “bocó”, muito menos “goiabão”.
Brigitte Bardot era um “brotinho”,
O Pelé sempre o “maioral”,
O “gamado” desprovido de carinho,
“Podiscrê”:
Não era “prafrentex”, nem o “tal”
Eu assisti Telecatch, faroestes e desenhos,
As melhores novelas, os Festivais das Canções,
Era tudo tão bom que na memória retenho,
Noticiários eram sérios, nas rádios e televisões.
Daquela época são marcantes, até mesmo as propagandas,
As brincadeiras e brinquedos simples esbanjavam criatividade!
Queimada, pelada, peão e bailinhos na varanda...
E o muito que aqui não foi dito, fulgura na minha saudade.
Campos de várzeas aos domingos ferviam,
O nosso futebol, do mundo, era o melhor,
Excelentes disputas pelo país se assistiam,
Os nomes das onze feras, sabia-se de cor...
Era um Brasil bem mais verde e amarelo,
De um ufanismo que despertava com o arrebol,
Memorável tempo de noites lindas, dias belos!
Era a Pátria de chuteiras, no país do futebol.