A MORTE NUA
 
Oitenta projéteis, movendo-se no espaço,
O cheiro propelente invadindo o ar,
Oitenta espoletas, acesas no mormaço,
Oitenta invólucros, querendo se libertar.
 
Os projéteis, sofrendo do abandono a si mesmo,
Buscando corpos errantes na rua,
Tão incertos, se movendo a esmo,
Com sede de sangue de carne crua.
 
Foram mais de oitenta lágrimas,
Oitenta olhares, admirando o pesadelo,
Não era pretensão, diz o senhor das armas,
Era apenas um excesso de zelo.
 
Ninguém assumiu a culpa do fato,
Nove ou dez, aram os pecadores,
Como não subjugar esse cruel ato,
Sem lembrar do circo de horrores.
 
Oitenta tiros...
Na rua...
Ansiosos suspiros...
A morte nua...
Léo Pajeú Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Bargom Leonires em 16/04/2019
Código do texto: T6625001
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