Pátria minha

Entre dois pontos distintos um traço

Um passo, uma braça, uma linha

Uma avenida, Brasil terra minha

Pátria pálida cinza um abraço

Tantas vezes negaste teus filhos

Pelos trilhos insólitos do progresso

Abandonados pelo arbítrio perverso

Livres e desorientados andarilhos

Entre a guerra e a paz o cansaço

Terra farta de gente pobrinha

Crianças mórbidas postas na rinha

Teus heróis pendurados no laço

Entre a escola e a praça um preço

E o apreço pela sofreguidão

Pobre pátria não tem solução

Enquanto em ti houver pão

Enquanto em ti houver circo

Já não há João

Já não há Vinícius

Já perdemos o Tom

Por ande anda o Francisco?

E a pátria é cada vez mais pobrinha

Já não é sua e muito menos minha

Já não tem Caymmi, Cartola ou Pixinguinha

Mártires vivos e enjaulados

Bandidos pra presente, embalados

Importados da pátria vizinha

Salve o rei salve a rainha

Salve a corte e o cortiço

Os puros e os mestiços

Os flagelados e os caniços

Grãos da mesma farinha

Dessa pobre pátria minha.

Carlos Roberto Felix Viana

CarlosViana
Enviado por CarlosViana em 09/11/2018
Reeditado em 16/01/2020
Código do texto: T6498411
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