Inércia paz
Estava parado numa curva
quando ele me apareceu.
Não, na minha visão turva,
daquela noite, num breu,
não percebi que era mais,
muito mais que uma curva.
Era o fim da minha paz.
Não podia dizer que não o vi;
Não podia dizer que não sabia;
Muito menos que não estava em mim;
Muito menos que não o conhecia.
Eu precisava fazer algo.
Não podia ficar parado,
como um fino fidalgo,
ou um filhote alienado.
Era o fim da minha retidão;
Era o fim da cômoda paz;
Era o fim, enfim, como verão,
do meu conforto no "tanto faz".
Eu não podia dizer que não vi,
o sujeito passar à frente;
O sujeito tentar por fim
e dizer: "Nada mudou, gente!".
Não dava pra parar na curva
e imaginar, depois que apareceu
na minha visão tão turva,
naquela noite, do breu,
um sujeito que tinha mais
muito mais que a curva,
para por fim à minha paz.
Saí da inércia da retidão,
da comodidade da minha paz,
que pensava ter nascido pra mim;
Aquele conforto do "tanto faz",
Já não me satisfazia em si.
Fui com o sujeito à frente,
tentei ajudá-lo a por um fim
e gritar: "Vamos agir, gente"!