SEM REVOLUÇÃO
 
Fui índio quando fomos dominados,
Nossos mares invadidos por grandes caravelas
E enganados por produtos reluzentes, espelhados,
Sem qualquer ação, revolução, procelas.
 
Fui negro laçado, perseguido, amordaçado,
Encarcerado em naus nauta do atlante,
Convencido pelo o chicote árduo, cortante,
Sem reação, perdão, revolução, calado.
 
Fui mulato dos restos, nascido do abuso,
Dos senhores designados puros, em hóstias,
Abençoadas pelos cleros religiosos, letais,
Sem noção, gratidão, revolução, mudo.
 
Fui mameluco das apologias florestais,
Na imposição das palavras dos fieis,
Em razão de uma religião imposta,
Sem abnegação, reação, proposta.
 
Fui cafuzo da junção imposta, violentado,
Em senzalas infusas, escravos múltiplos,
Como sórdidos a deriva, acorrentado,
Sem função, revolução, ímpios.
 
Sou branco, sou preto, sou mulato,
Sou amarelo, sou cariboca, sou cafuzo,
Sou raça, sou homem, sou fato,
Sou pardo, sou brasileiro, confuso,
Sem nação, sem revolução, inato.
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 31/03/2014
Código do texto: T4750621
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