ALTIVA FLÂMULA
(Samuel da Mata)

Desprenda-te altiva flâmula do teu mastro,
Para no mais profundo abismo te ocultar,
Até que expurgues de teu ventre e teu regaço,
A infame corja que enlameia o teu altar.

Heróis que te serviram estremecem
Se de alguma forma puderem contemplar
Teus filhos que espoliados empobrecem
Para a gatunos, em vil ordenança, enricar.

Que sangue corre nas veias de teu povo
Que a tanta chaga consegue suportar ?
A indiferença e covardia já dão nojo,
E de civismo, já é galhofa se falar.

Tuas cores, óh! sacro manto, apropria
Com as verdades que hoje estão a imperar,
Teu verde é hepatite, teu amarelo é anemia,
Pois mata e ouro já tosquiaram até findar

As estrelas do teu céu obscurecem,
Pois tu exaltas e enalteces é ao vilão,
O seu azul é a justiça que apodrece,
E o branco é do povo a desilusão.

A ordem há muito foi subvertida,
Polícia e malfeitores dão-se as mãos,
Progresso é uma esperança esvanecida,
Vergonha e ignomínia, é teu brasão.
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 19/10/2013
Reeditado em 07/09/2015
Código do texto: T4532819
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