Era 1964
                                                                              Também para ·Dr. Zé Welington-


E
ra 1964
- A Rita- roubava nosso retrato
(em branco e preto talvez?)
com ou sem direito ela o fez
se outros o fariam?!... Melhor ela!...
E aí caminhávamos e cantávamos
contra o vento, na passarela
insensata do que acreditávamos
E "apesar de você”
dono, pleno, do poder
dizer
que não!...
Era uma comunhão
que fechava escolas
e com nossas sacolas
ou livros nas axilas
- não existiam mochilas -
dominamos jardins e praças
era assim como pirraça:
puseram em frente um túnel
e do final roubaram o lume
Usávamos como armas: livros;
e, eles: aviões e fuzis;
sonhávamos ser livres
e eles, que fossemos servis. .
Nossa bandeira e máscara: o lenço;
à nossa frente: a história!...
Hoje, parece contra censo
mas foi preciso fazer a hora...
Não nos pintamos porque não carecia
naquela época, o “Collor" nem existia!
Tudo era mono: o verde, só caqui...
uma só cor... Mas, como oprimia.
O adjetivo da moda: subversivo!...
Não tínhamos patrimônio... Só passivo!...
Mas, sem passividade!...
Enquanto ele nos espezinhava
tinha lá nos confins do anonimato
um grupo, louco, que lutava
com outras armas: do assalto
a banco, até assassinatos.
Eram grupos dispares
contra os seus disparos
Nós com livros e poesias
O outro com o que carecia...
Contra fuzis: fuzis!...
contra a repressão: revolução!....
Era a década de sessenta
-Rita- roubava nosso retrato
Guarnieri levava ao palco
"Arena contra Zumbi"
Ferreira Goulart
criava o "Grupo Opinião"
Millor Femandes
lançava o “Pif-Paf'
Chico foi fazer turnê
na Itália ...
Caetano e Gil na Inglaterra
e aqui na nossa terra
Gal e Bethania apareciam ...
Alguns dos meus amigos
sumiram... Uns voltaram...
outros, não!...
 
Alusões e referencias às músicas:
“A Rita" de Chico Buarque

“Prá não dizer que o falei das flores” Geraldo Vandré
"Apesar de você" Chico Buarque'        -
"Alegria, alegria” Caetano Veloso