Cascata de Chumbo
Dos bastidores da esplanada brota o intento,
A armada catalisa o estado de golpe;
Inapelável ao lapso populista; inconstitucional!
O assíndeto da consciência a nevralgia
Institucionalizada, para exaurir o apetite da foice.
Para que fique frio o direito à propriedade; o brio da farda.
Pois anfótera é a hospitalidade do Dops;
Que serve à mesa sempre suas meias palavras.
E transuda nos salões a cascata de chumbo!
Maniqueísta, como os privilégios da militância;
A mecânica do dínamo; a derrocada da pele; a infuncionalidade dos olhos.
O ferrolho no inventário esmaecendo em definitivo as queixas.
Enquanto aprazível segue o baile de ARENA,
Do milagre movido ao capital estrangeiro,
Como o amor subversivo em seu foguete;
As tardes insípidas aos pés da madastra pátria!
Pela anistia prontamente exclamam sirenes!
Do Araguaia aguerrido, até trincheiras não mapeáveis dos sindicatos.
O brado do repórter enlouquecido:
“Abandonem os bunkers, desfaçam as barricadas, as ilhas!
Descansem as fileiras do contragolpe, os escudos do choque;
Pois já expiraram todas as coimas; a flâmula auri-esmeraldina se hasteou.
Desta vez sem uma segunda intenção, alarme de bomba, conspiração!
Venham todos receber a hóstia; o abraço caloroso do cruzeiro
O direito pecuniário que promete toda cicatriz ressarcer;
Mesmo aquelas já pertencentes aos umbrais da perpetuação!”
E assim parece-me agora que de modo oportuno, virou-se a página;
Duma geração ressentida, ainda á procurar por aquele auto-retrato,
Talvez só um pouco menos melancólico, para que possam entoar:
-“Liberdade!”. Com a boca cheia que a incensura permite.
E assim parece-me agora que finda-se um épico;
Onde com o discurso foram superadas as armas;
E parece-me agora que o tempo domou o espírito da mobilização,
E parece-me que agora o que se molda é a sátira;
Do voto de meio minuto, das múltiplas improbidades,
Da impressa de circo, das quixotices esquerdistas;
Das ruas, dos viadutos, que servem apenas para transitar;
Sendo assim no saldo da batalha, no tramitar dos precatórios,
Na contabilidade da história, ainda são os danos superiores aos lucros!
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*Ditadura Militar Brasileira(1964 -1985)