Fila Indiana

Dor, Lula, cão, locomotiva, amor. Galinha, pão, avião, água, nuvem, cavalo, febre, armazém, rinha, pavão.

Ferida, fornecida, tufão, navio, chuva, sol, vau, maremoto, macaco, arrebol, fome, vendava. Limpou. Varreu. Arrastou. Nada restou? Pança, lambança, festança, lembrança, bonança.

Ex - cravo, credo, crivo, cromo, cru. Ex-tudo. Tudo passou? Se pouco resta, escrevo.

Cronologicamente, didaticamente, antropofagicamente, funciona assim: as palavras que saem da ponta de minha pena sem pena, não são escritas; e se escritas em.menção estimulante, cativante, motivante, não são exercitadas.

Palavras e lágrimas também acabam, fintam, driblam, choram, findam. Não tem contra-indicação e podem ser lidas à vontade, pois, não são eficazes e não fazem efeito na vida do leitor.

As palavras formam uma fila Indi e Ana quebrada em cada confluência de rua, em cada decadência de esquina, em cada desvio ou mudança de direção de estrada. Entram por um ouvido e um olho, atravessam a mente e saem pelo outro ouvido e olho. Réstia de alhos. Português de sobrenome Bugalhos. Em letras abundar, porque sordidamente, tudo na vida, não é para durar.

Que venha o fim, do cupim de boi ao ponto, o fim do fim! O fim da palavra, o fim da poesia, o fim da fila indiana, o fim da vida, em apenas um ponto: morte, o ponto final e pronto.

Aguarde por sua vez, porque feito serpente em procissão indiana, a fila da morte caminha, arrastando multidão.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 06/06/2019
Reeditado em 06/06/2019
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