Vai um Poeminha, aí?

Pedras no caminho

Eu vejo pedras nos caminhos.

Enormes feito gigantes sem botas.

Pontadas rudes, tal qual espinhos.

Secas. Molhadas.

Escorregadias. Limosas.

Lisas feito sabão.

Juntas, unidas, familiarizadas em blocos.

Separadas pela solidão.

Ornamentando casarões.

Suportando pesos.

Vigias espezinhadas pelos desfiles nos calçadões.

Pedras!

Eu vejo pedras:

inspiradoras pedras nos caminhos.

Estáticas feito águas que dormem.

Rolando feito enxurradas de olhos vorazes,

Arregalados, vagando na amplidão das noites.

Pedras nos caminhos.

Não espere que alguém vá ao seu encontro.

Venha!

Venha e cubra de vez os caminhos!

Mas se for os caminhos de um pobre homem insone;

Barata, inócua, em carecida pedra,

seja parcimoniosa e demore a rolar.

Detestadas e amadas pedras.

Pedras que metas, sonhos, anseios, desígnios, covas hão de tapar.

Pedra que cobre os mistérios da vida,

não sei se cheguei muito cedo ao vosso conhecimento;

Ou se Sua Senhoria cruzou muito tarde o meu caminho.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 29/11/2018
Reeditado em 29/11/2018
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