A Vida Chega Lá
Há uma porta que se abre para o mar,
Assim como portos onde nunca chegarão.
Vive-se onde não há vida, e a secura desértica
Transborda em avenidas vazias.
Os sonhos naufragam junto aos pincéis lavados
Dentro de potes, diluídos em tempestade.
Há portos onde se parte para lugar nenhum, e
A brisa leva o Tempo para uma outra ponte:
Leve, abstrata, perfumada de jasmim;
Que ora balança, ora se estanca na falta de vento,
A madeira estala querendo quebrar ou lembrar, mas
Isso não importa, porque há vida onde não se está.
O sorriso parece distante, mas ele sempre chega,
Onde há uma outra vida dentro dum outro lugar.