RECHEIO
Réstia de luz é o que me cabe
Pois o meu mundo não me pertence
Amo um vulto tão perdidamente
Só nele penso, por ele vivo e ele nem sabe
Pode até ser loucura da minha mente
Até pelos becos pardos eu o sigo
Talvez buscando atenção somente
Às vezes ele me vê e me dá frio no umbigo
Acho que ele me acha um tanto indecente
Fica impossível para mim esquecê-lo
Olho pra ele me derreto e quase surto
Sorvo o seu ar e me abraço qual um novelo
Imagino nós dois juntos, esse delírio eu curto
Sou mola solta d'um velho sofá
Apenas sobrevivo quando pressionada
Acorde em ré, mi, fa, sem Sol, lá só mesmo dó
Sinfonia esquisita, solo de harpa desafinada
O seu olhar distraído é o que preenche o meu nada