CELEBRAÇÃO

 

Celebrando aqui nesta tumba de quatro paredes

A minha morte em vida sem nexo, pura covardia

Você não me amou, nunca entrou nas minhas redes

Pensando bem, muitas e muitas vezes, de mim fugia

 

A nossa relação acho que foi, como um divórcio à revelia

Acreditei que o distanciamento, era só um tempo depois viria a alegria 

A espera sempre foi suportável, pois sabia que você voltaria

As horas seguiram os meses através dos anos, feriu-me a letargia

 

Agora o frio dentro do meu peito, é duro tal e qual mármore

O pranto secou na face e, abriu vielas horizontais

Sinto-me num Outono fora de época, com folhas caíndo da árvore

Estou morta, cheia de medos sombrios, espelhados e frontais

 

As janelas da alma se fecharam, parciais e convictas

Minhas considerações, emudeceram sem certezas, contritas

A constatação da derrota, escreverei em longas fitas

Serão as mesmas, com que enforcarei o coração, as emoções serão restritas

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 22/07/2022
Código do texto: T7565036
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