NEFASTA
Eram tantas as pedras no caminho
Que meus pés descalços se feriram
Pontiagudas, duras, frias, mudas
Tampouco eu fonemas proferia
Calada, vitimizada, a vagar relegada
Apaixonada por teu cruel coração
Pouco adiantava os muitos sinais
Avisos fraternos ou realidade aparente
Enxergava apenas a minha tola ilusão
Passavas por mim como um trator
Destruindo tudo à tua volta sem pressa
Dissimulado aterravas os meus arroubos
Ciente de que não é amor o que me dás
Busco os restos quando ébrio te acho
O pouco me basta e me regalo nefasta
Sou alma penada vagando nos mármores
Gastando sapatos e meias atrás de ti
Rainha louca do caos que me devasta
Aí Que vontade parda de ti!