____ O corvo - Edgar Allan Poe ________________
Homenagem a Edgar Allan Poe:
O meu corvo.
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** O CORVO
Apenas ossos...
Veio de longe um corvo voando
trazendo o mau agouro pelo ar
coisa boa não haveria de ser
pois, essa ave suscita à morte.
Veio voando e pousou em meu telhado.
Eu, sentado ali na varanda a observá-lo,
em pleno mês de agosto, tão assombroso,
ainda fazia aquele ventinho frio de inverno.
E o corvo ficou ali a me olhar de soslaio,
como se quisesse alguma coisa dizer.
Então perguntei: O que você quer corvo?
Me diga logo e vai-se embora de uma vez!
E o corvo me olhava com aquele olhar negro,
profundo e agourento, me incitando a dizer:
O que você quer corvo dos infernos?
Ele, não sei bem como, nem por quê,
respondeu: Apenas ossos...
Fiquei pasmo em ouvir aquilo do corvo,
ao lhe perguntar não esperava resposta.
E me peguei assombrado com a resposta.
E de novo ele grasnava: Apenas ossos...
Seria um pressentimento, um mau agouro,
um aviso, talvez, do outro mundo, do além!
Ou teria algo a ver com a morte de Leontina,
minha amada, que há muito se foi desta vida.
O corvo, encaminhado por Hades? Será?
O deus grego do submundo dos mortos!
Surgido dos umbrais dos infernos!
Ave agourenta, só pode ser um mau sinal,
trazendo mais nuvens negras sobre mim,
sobre a minha vida um tanto infernal.
Vá de retro bicho medonho para a tal sucursal!
E leve o seu grasnar agourento para o umbral!
Ave maldita que me provoca tantos arrepios.
Grasnou o corvo novamente: "apenas ossos"...
Ficarei só com a minha solidão,
e com minha sombra espalhada pelo chão.
Eu já não tenho mais salvação,
nem a morte será a minha libertação!
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Grata!
Maria Ventania!
Pela indicação da música:
Alan Parsons Project The Raven
https://www.youtube.com/watch?v=YAE1XTvKLXA