ILUSÃO TOMBADA
Com o propósito de viver
Me deixei conduzir através da vida
(Obra do inevitável)
De mãos dadas, guiava-me orgulhosa
Com andar lento e compassado,
A senhora da ilusão tombada.
Nossa marcha na poeira acordava ressonâncias...
Seguiamos, a rir das almas fanadas
Que como morcêgos marrons, passavam e repassavam
Debatendo-se à toa em fumaça.
E a própria luz do sol repugnava ao ver de perto
Tão vil e mentirosas figuras.
Praguejando insultos às almas impuras,
Riamos do egrégio esplendor das formas super finas.
Escarneciamos do luar que há nas faces dos lírios,
Não nos interessava a pureza: Ela, em nuanças divinas
Conduz sempre, em segrêdo, as farpas dos martírios...
E em verdade, o que é santo, e belo neste mundo,
É possuir pelo amor um ódio imenso, fundo,
E ter na alma a crueza das panteras...
E ante a minha insensibilidade mutilada, amiga
Tu sorris, com laivos de piedade?
Olha, toda incredulidade, a rede fantasmal
Que minha angústia tece?
Tu não sabes, que essa emotividade
É o odor fétido de um sonho em decomposição?
Talvez, quando terminar essa jornada estranha,
Eu seja cuspido com desprezo, em plena entranha
Do corpo dividido, de quem só tem possuído
Pedra no peito em vez de coração.
Tácito