Servindo o ser...

Nos sobra muito pouco!

Rastejar na sarjeta

Expor os ossos enquanto vivo

Conter o asco, enquanto

Vermes e moscas harmonizam-se

Com as flores na lápide.

Colhe o tempo o que restou,

Serve-me com a chuva

Onde estiver a semente

Com vontade de brotar.

Trazem-me em um vaso avulso

Exibo o meu grelo.

Tateiam meus ramos

Tentáculos cegos

Perdidos na rota

Incapazes de chegar

Advinham a luz inútil

Não almejam novas folhagens

Amo sem queixume o estrume!

Deixa o campo fértil

Sou a terra, estou pronto.

Maduros os grãos

Quem ao gozo os conduzirão?

Cessará o estupro da fome?

Virão ainda outras folhas!

Outros frutos

Espinhos e pragas

Águas e mágoas... Desejos.

Virá a foice da ingratidão

Virá o machado da partida.

Não há dor, não há amor

Quando a lagarta come

Seu pedaço de folha

Aceito seus dentes valentes

Mastigando com fúria

Enquanto a fome não some.

As vezes rio...

Há folhas amargas, venenos...

Deixa-me leve e limpo

Corpo para o melhor desejo

Os botões já surgem

Belo regalo aos manduruvás.

( Do pó da terra, a própria terrra...)

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 15/06/2020
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