Poema – Sodoma
Poema – Sodoma
No esgoto dos ratos
Os suicidas trepam com as baratas
Para esquecer o seu medo da morte
Enquanto aqueles que já se mataram
Participam de orgias com a mãe de cristo
Em busca de salvação
Da condenação divina;
Há uma jovem neste exato momento
Que teve o seu coração partido
Ela jura que a arma na gaveta do seu pai
Pode solucionar todos os seus problemas
Enquanto o seu vizinho ao lado
Chora todas as manhãs
Com uma única chance
De faze-la sorrir
O quão irônica é a vida?
Enquanto padres estupram crianças
Mães rezam para que cristo as protejam
Do homem que as violentam todos os dias
Como uma sinfonia composta por
Beethoven e apreciada pelo Diabo
A vida e a morte caminham de mãos dadas
Enquanto nós meros mortais
Clamamos por um abraço daqueles
Que nos apunhalaram pelas costas
Um homem de sessenta anos
Teve o seu coração partido
Mais vezes do que todos os seus filhos
Hoje ele chora sozinho em sua sala de estar
Se perguntando por que não teve coragem
De se matar aos dezesseis anos
Talvez porque a dor em seu coração
Não fosse tão forte
Quanto a sua vontade de viver mais um dia?
Vivemos vidas miseráveis
Enquanto nos perdemos em ambições
De uma vida feliz e um amor sincero
Existe um boato no inferno
Que todas as almas felizes são condenadas
Ao abismo da melancolia
Enquanto aqueles que sofreram em vida
São abraçados pelo acalanto amor
De um anjo apaixonado
Mas todos nós sabemos que
Os contos bíblicos são mentiras
Contadas por homens que queimavam
Mulheres inocentes
Em fogueiras de pura covardia e terror
Blasfêmias ofendem mais
Do que crianças morrendo de fome
Ou adolescentes cortando seus pulsos
Enquanto seus pais dizem que o sangue
Que escorre pelas suas veias
É pura frescura
Uma mulher inocente
Foi estuprada por um monstro imundo
Ela se enforca se sentindo culpada
E o crápula é aplaudido pelos vermes
Que chamam de amigos
Vivemos em uma sociedade doente
E o suicídio para alguns é o remédio
Menos doloroso...
- Gerson De Rodrigues