PENUMBRA
Sou das penumbras
das brumas frias dos ventos
Sou dos subúrbios das mágoas
mergulhada em contratempos
Sou das marés revoltadas
dos abissais tormentos
Sou das ilusões desencantadas
afogada nos lamentos
Sou das florestas devastadas
deteriorada pelos ditos portentos
Sou das preces esquecidas
dos gastos joelhos machucados
Sou das sobras dos meus sustenidos
claves de sol desafinadas
Sou o que restou do que fui um dia
da poesia que antes havia
Sou resíduo de ardor que por ti sucumbia
penumbra pálida aguerrida
Sou meu próprio açoite e espada
mesmo por dentro morta
não consigo arrancar-te da minha vida