E quem ousará fitar os teus olhos repulsivos?
Terríveis e profundos quanto a face de Tártaro
És , n'alma do homem o medo arcaico e nocivo
Preservas nas águas o lodo. Maldito cântaro!
E porque razão temer o abismo em que ele mora?
Eventualmente não é a vida senhora de toda a dor?
Temes a privação nua, convicta do fim da aurora...
És tolo. Entrega-te ao fim sem calvário ou temor!
Então quando teus olhos fitarem o mal umbrático.
Saberás que nada mais é que a ampla liberdade
O grande terror não é senão fútil e pragmático...
Fita então, enfim os olhos da ave negra e forte.
Deita em tuas asas imensas do esquecimento
É chegada a hora. Que o corvo te leve à morte!
Anna Corvo
(Heterônimo)