Solidão é faca afiada no peito nu, aberto
Lacera o espírito como a sangrar a pele
É o espectro da morte, rondando perto
Uma agonia que a razão afana, repele.
E quando a noite descende cá na serra...
O vento vozeia alto nas folhas do coqueiro
O silêncio é bicho que a alma casta aterra
Devorando o riso branco por inteiro.
Busca-se um luzeiro no fim da estrada
Uma carícia, um beijo que propicie analgesia
Para a dor pungente e desgraçada!
E não há cousa alguma que preencha o vazio
Sempre que a ave negra grasna na poesia
Na alma solitária um medo, um arrepio.
Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles)