LETARGIA

Maldita letargia que mata, consome o espírito
Dor que transborda pelas brechas do corpo
Arrasta-se na vida à fora nesse vil sufoco
Nem mesmo há a robustez para bradar um grito!

Nuvens negras condensam-se sobre a cabeça
Esfacelam-se os argumentos para o franco riso
Beira-se a loucura num torpor, afana-se o juízo
E de caridade, nem um barbitúrico que adormeça.

Corvos batem as asas, negras, sujas e fedidas
Ensaia-se um olhar aos céus_ perdida divindade
que não afaga a alma doente, vazia e ferida...

Ecos ressoam ao longe: " Nunca mais, nunca mais..."
Adeus à poesia que trazia alegria às cidades
Somente esta letargia num mundo de tantos ais.

Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles)
Imagem: pinterest
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 13/02/2019
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