Que os mares a devore hoje, sem demora
Nesta noite de assombro e demência
Que as ondas à levem à amiga Lenora
Grasne o bicho... Silencie já a inocência.
Conquanto que na vida nada fez por lograr
A dura sina à qual sem piedade foi entregue
Vociferam as ondas, ouço-as no Miramar...
A morte grita teu nome: Anna, não a renegue!
Entrega sem demora tua alma bela e pura
Adentra pelas profundezas das águas bravias
És infeliz querida. O inexistir lhe trará a cura!
E caso os pescadores encontrem teu corpo
Quando o sol brilhar sobre tua face pálida
Um corvo plainará sobre eles, belo e louco!
Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles)
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