Eu, criatura da agarafobia e do silênciar
Busco uma razão para um segundo a mais
Um ânimo para não vociferar "Nunca mais"
Mas persiste o corvo, sobre mim a esvoaçar.
Aqui as paredes são úmidas, frias e escuras
Não ouço voz além do meu próprio bulício
Fobia causticante... Ainda assim meu vício
Um segundo a mais sem sangria. Que agrura!
Se desejo a morte?_ Bem percebes que sim!
Mas ser paradoxal que sou no meu íntimo
me apego ainda, louca, no sopro que subsiste
O ar é sutil... Não sei se permaneci ou fui, enfim
O poço é fundo e o existir compacto. Ínfimo...
Percebo que ainda vivo, agorafóbica e triste!
Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles)
03/01/2018
Imagem: Pinterest