Anna nem sempre foi aflita como a enxergas.
Não, seu íntimo sonhou amores e acalantos
Mas a vida foi a carrasca que o corpo enverga
Tosou-lhe a leveza em tapas e solavancos...

Anna confiou no pacto de alegria na alvorada
Ouviu o canto mavioso e lírico do beija-flor
Mas do festejo das moças ricas foi roubada
Antes de ser tocada por Eros, senhor do amor.

O sol nunca mais mostrou-lhe o luzir do dia
Caminha, escabrosa pela escuridão dos confins
Dizem dela cousas maldosas, torpes e frias.

Logo, não a sentencie pela face fria e pálida
O corvo é o único amigo negro e fiel que restou e
fita com afeição a pobre Anna em sua mortalha.

Anna Corvo 
( heterônimo de Elisa Salles)
03/01/2018


Imagem: Pinterest 
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 03/01/2018
Código do texto: T6216218
Classificação de conteúdo: seguro