Quem ousa perturbar meu sono, meu anestesiar benevolente?
Se não for para dar-me uma vida diferente e bem querida?
Deixe-me, aqui na minha vil tumba, prefiro o esquecimento
Do que habitar novamente entre os mortos que fingem vida!

Aqui há sombras. Imensas e penetrantes...Roubam-me a visão!
Mas o que era a luz que antes eu via? Impudica e inebriante...
Nelas o que eu via, não era o que eu via. Eram espúrio e frieza!
Então deixe-me em paz!__ Aqui a morte é verdade. E verdade é beleza!

No falecimento do corpo, onde a alma vigia e persiste
Há uma graça rara, pura, sem subterfúgios ou máscaras! 
Quando pensa-se haver, por fim o cessar dos versos, ei-la, magnífica a poesia!

...Então foge de diante da minha face, óh peregrino dos dois mundos!____ Esqueça-te que viu e ouviu a bela que cria habitar
para sempre entre os mortos. Aqui sou cinzas, sou espectro, mas
sou tão feliz quanto jamais fora enquanto vivia...

Anna Corvo
(Heterônimo de Elisa Salles)
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 23/12/2017
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