NAVIO DE SOMBRAS


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Como é difícil a noite 
Neste teu mar de segredos
Escura, em cada chuva um açoite
Razão sombria dos meus degredos

Tantas vezes meu amor declamei
À beira d'água, lancei minha voz ao vento
Da proa do navio se ouviste, nem sei
Fiquei lá salgando um sorriso lento
Ele ouviu só está disfarsando, pensei

Cinquenta anos já se passaram
E toda noite à beira do mar, eu estou
Sempre a espera, do amor que as marés levaram
Onde a névoa das lágrimas doídas, foi o que restou

Os fantasmas do passado, são como ondas de dor
Que vem e vão sem controle ou parcimônia
Nem sei como sobrevivo, sem teu estranho amor
A maresia com olor de baunilha, hoje  é só amônia
Meu olhar não tem paz, somente estupor 

Cada dia, mais areia preenche meu ser vazio
O sal cristalizado, granula o sofrer do meu peito
Em cada noite de mar, mais meu coração fica frio
Ainda assim, ali sempre volto, não tem jeito

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 09/12/2017
Código do texto: T6194398
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