E quem poderá negar a beleza da noite?
Ante ela me curvo em servidão complacente...
A lua branca, a impenetrabilidade dos mistérios
E a entrega dos amantes, em suas danças indecentes!
Mas a noite vê e vira seu rosto em imparcialidade
Não julga as pobres almas que se derramam em orgias
Ela, sábia escuridão, sabe da dor carente de analgesia
Nas bocas, nos becos... Antes que desça a luz do dia.
Ahh, ventos que fazem ranger os velhos moinhos
Traga-me uma nova musicalidade para meus sentidos
Almejo a luz das horas matinais, sinto sede de alegria!
Mas eis que se ausentaram de mim as brisas sagradas
Somente tenho como amiga a noite dos meus ais
Solitária me aquieto, em meio à dor e à melancolia.