Quem é esta mulher
que caminha, lentamente, por entre as sombras?
A brisa da noite toca-lhe os negros cabelos
Em sua boca, nenhum cântico, nenhum mantra
Apenas uma linha ríspida e o silêncio
Louco silêncio...
O que esta mulher trás na alma?
Sinto que dela emana dor e rancor
Terríveis lembranças de uma vida já tão distante
Hoje, nem mais saudades
Nem mais tristezas
Nem mais nada
Somente o desapego persiste
Cortante e atroz
Gritante e feroz
Caminha pelos becos sujos
Quase translada
Quase flutua
De testemunho dos teus atos mundanos:
O povo maldizente
e a lua.
Mas a mulher na noite errante
Não se importa com as bocas ferinas
Carrega nos ombros sua sina
...Ela é dura
Como dura foi
e é
sua vida.