Vampira apaixonada
Pelas lúgubres ruas do meu ser
e sob a forma de monstro assustador
- gótica e sobrenatural procuro-te -
verdes olhos chamejam
e soluçam cortejos de paixão,
que não se traduzem.
Ergo na taça do meu silêncio
o sangue quente vertido
- de uma jugular qualquer -
e esparramo vermelho lascivo
pelas bordas dos caninos
famélicos em tensão aguda.
A dor em mim persiste
e ofereço-me aos demônios
- pela graça do teu pescoço ardente -
enquanto voo nos meandros da noite,
desesperada pela fome atrevida,
insana que não se satisfaz.
Hematófago ser, rasgo o corpo,
num erótico movimento das asas
- e sou mulher e morcego -
concomitantemente, como se sozinha
pudesse aplacar o desejo
que me enlouquece.
Exausta!
Amo-te, na minha eternidade
e vago errante pelas noites,
em busca da tua finita humanidade...
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2014