O último voo
Oh, mundo cruel!
Pulei do alto
da autopiedade
sem corda de rapel.
Adeus mundo danado!
Rolei pelo asfalto
meus sapatos molhados
já perderam os saltos.
Adeus olhos curiosos!
Fui sem corpo
só alma
sem dó de vós, ciosos!
Não chorem minha audácia.
Morri na minha luta,
sem a hipnose da falácia,
ou vendido como prostituta.
Não chorem minha falta!
Não há ausência,
nem a morte me assalta.
Voltei à essência.
Deixo-te, mundo cruel!
Deixo-te doce
Deixo-te banhado no mel
como se nunca fosse.
Abandono-te, mundo danado!
Deixo-te mordido.
Nem tanto ermo, nem procurado!
Vou-me desiludido!
Oh, ciosos disfarçados!
Oh, audácia suprimida!
Andei em seus minados,
voo em minha última vida!