Cortejo
É nesse imenso rio letárgico
tardio, lento e preguiçoso
sinto o sal do sol fazendo
cócegas frias em minhas retinas fadigadas.
E nesse balanço fúnebre sinto-me carregado
meu coração que outrora fora ritmado agora
encontra-se sepultado frio e de matéria
decomposta não me sentia e menos agora.
E em minha loucura vago saltitando sorrateiro
nos braços de quem me faz caridade
se antes belo, agora morto como o amor
cultivado em solo salgado e arenoso.
Se cruel fui, hoje ardiloso, teimoso
não sou mais é o que menos me compraz
e o castigo maior que carrego é esta vida morta
que como fardo tenho que conduzir.