LÁ NO ALÉM
Agora sobrou o desespero, no além; onde o nada é nada aguardemos a sorte, o que viras, somente o mestre designará e mostrará o norte.
As cinzas vão à baila, noutro lado da porta, outro mundo esperas, agora nada mais importa porque a morte lhe surpreendeu, como um ataque de feras.
A saudade é como um burburinho ou alaridos além das paredes; vozes para quem ousas escuta-las, orações, falas que ecoam pelo universo, certos que intercedes, esperas.
Um túmulo, uma marca que ali jaz, o pranto, a emoção, um amor do passado, na última floreada desta vida, muitas felicidades outrora, os fantasmas da solidão sem piedade devora.
Ali sentada de tijolos gélidos a lápide, um sinal, madeira em cruz, o término de uma existência, um corpo dissecado de ossos inútil, desnudo de tudo, no silêncio desta era, descansa em paz, época que aqui existiu, como eu, luz era.
antônio herrero portilho/17/5/2014