Engrenagem. A máquina.

Poema ritmo mecânico refilão.

Bate, rebate, para trás e para a frente

esfrego a testa limpo o suor

ao som do metal eu canto ao meu pranto

trabalho de noite, e gasto de dia

as contas são muitas, as bocas famintas

e as mãos entendidas, jamais recolhidas

e quanto mais dou, mais ela castiga

sou nobre vassalo, na rua sou rei

em casa vassalo, que a vida fustiga

e neste sistema de trabalha e ganha

de ganha e gasta ou ganha e perde

sou parte do ciclo, viciado maldito

sou dente de encaixe nesta engrenagem

que luta e labuta e o estado desfruta

um dia ainda mato um filho da ... bruta!

há dias que juro, e mal te pergunto

se mais há na vida que dor e trabalho

que é feito da vida que eu desenhei

poemas e prosas que tanto sonhei?

guitarra que tanto nas mãos me gemeu?

mas eu é que gemo, e aguento o barulho

senão é trabalho, é "ela", e eu ralo!

Pé de Carvão

(Heterónimo Registado)

Ruth Collaço
Enviado por Ruth Collaço em 17/03/2025
Código do texto: T8287715
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