Roupa Surrada
No espelho vejo o riso,
Que finge ser quem não é,
A roupa surrada encobre,
A vergonha que veste de fé.
Na mesa tem o silêncio,
De quem finge que tudo vai bem,
O sonho se esconde na bolsa,
E a lágrima, ninguém vê também.
Subo o morro com o peso,
De ser menos do que pareço,
O preconceito me esmaga,
Rosto marcado pelo avesso.
No olhar de quem me encara,
Vejo a sentença apressada,
A vergonha que eu carrego,
É minha cruz disfarçada.