O VIANDANTE
Pouco adiante, ele surgia donde caia a tarde
Andava com o longo suspiro dum amanhecer
E trazia o sabor da bruma na voz ansiosa
Em conversação com a passarada aos voos.
Andava pelas quebradas no mato adentro
E subia os montes, assobiava com os rios
Seguindo o curso de um vasto bafejo
No rasto da memória pela turfeira em fora.
Descia e prosseguia para o lado do acaso
Entre as árvores que perpassavam, umas
Avante de outras, em simulação da viragem
De cada estação em cada grão do areal.
E os astros de raios emplumados o miravam
Sob a miragem que se embebia na cacimba
Como se recordassem do seu nascimento
Naquele mesmo espaço em que ora se achava
E descansava com o suspiro dum amanhecer.
Redigido em Kimbundu.
Tradução portuguesa do autor.