SERTÃO

Sobre o penhasco da alta rampa, vejo

(Se não ero)

Vejo entre os galhos que se entrelaçam

Um certo lugar onde o pardal e a paz alada

Se fazem encontrar com os arrebóis

À medida que o dia declina e faz tarde

Ao ver isto, meus sentidos se aquietam

E meu pulso se renova com cada alento

Que desponta do germe nos aguaçais

Onde as árvores se erguem mais altas

Em silhuetas verdes que me afagam

O peito

E rumo ao valeiro, exaltam-se brisas

Porquanto o pardal solfeja novas trovas

Num tom gaiato, em breve consonância

Com os galhos entrelaçando-se inda —

Afinal a vida pulsa e seduz neste lugar

Onde o tempo parece ter estancado.

Redigido em Kimbundu.

Tradução portuguesa do autor.