A Canção
Sou o vento que corta fronteiras,
A fera que arranha dentro do peito,
Sou o medo de amar, sou o medo.
Sou história de trancoso,
O macabro túnel sem saída,
Sou a rota, a busca do horizonte,
Um buraco,uma liga e uma vida.
Sou o vulcão em erupção,
A carta sem remetente,
A lenha no fogão,
O ceifeiro e a semente.
Sou o véu que cobre o rosto,
O mistérios das florestas,
O corpo em chama, em comoção,
O Agreste em festa de São João.
O solo, o rio em seu lamento.
Sou o rio que navega o apocalipse,
A transposição do São Francisco,
O Uruguai abandonado, a Amazonas
transformada, o louro dessa flâmula
Sou a mão que pega a caneta
E muda a decomposição de ideias
A vitalizar as estradas obstruídas
Fazendo dos braços a reconstrução
Dos verbos.