O grito do slam

No desgaste me sinto um incendiário

Um líder anacrônico, uma essência concreta e literária

Não me fortifico com tônico, mas com arte

Há um demônio sarcástico em cada parte da cidade

Não sou uma luz, mas acelero a realidade

Eu sou um anti-herói cujo poder é a ansiedade

Estou em tudo e em todo lugar ao mesmo tempo

Sendo curado e destruído pelo meu próprio pensamento

Negligência é o que vemos do entardecer até o clarear

Me afogo nas ruas cheias de sangue que nem o rio negro consegue lavar

O refluxo de escárnio que sufoca o meu eu

É a verdade dilacerante de quem se procurando, se perdeu.

Escrevo poesias com sangue e cal

Mergulho no slam, movimento sociocultural

Expurgo o meu monstro mais descomunal

Com a poesia sou o princípio, o meio e o final.

Me refaço no meio da multidão

Com os gritos e palavras afasto a solidão

Com versos trabalho meu fortalecimento

Na poesia da rua encontro meu pertencimento

Enfrento o sistema que é contra a minha mente sã

Luto por uma cultura ativa e cidadã

É no nosso hoje que desenhamos o amanhã

Eu também fui salvo pelo grito do slam .