DIZENDO NÃO! [2011]
Dizer não é uma virtude
Principalmente para mim
Que não acredito
No clamor convincente ‘pseudocarinhoso’,
Nos excessos vocativos dos bons adjetivos.
Que não sou de peitar tolos e lisonjeiros,
Mas meu silêncio não é subjacente.
Não me penduro nas linhas das costuras alinhavadas
Do improviso semiprofissional
Antes olho o tanto que já me esforcei
Em meus estudos seculares,
Olho meu Curriculum Humanum Vitae,
E ainda buscarei muito mais...
Por isso não acredito e nem me empolgo
Com promessas floreadas.
Não sei viver ou esperar por planos infalíveis
Aos lábios dos charlatões domésticos,
Mas adiados ao sabor dos ventos da ciclotimia.
Adoro tomar umas nos finais de semana
Às vezes nas sextas,
Na companhia de bons irmãos
(Três brindes a família Ribeiro)
Mas nem por uma noite ébria
Eu me diria fã daqueles
"que amam pra sempre enquanto dure".
Pois quando bebo, só bebo.
Não fico rico, não fico valente,
Nem esquecido, nem sonso cristão,
Nem tenho uma cara para cada companhia e situação
Do tipo:
– Se tô com Chico desprezo o Francisco?
Só me abstenho dos “abstêmios moralistas”!
Tomo minha pinga com soda zero açúcar,
Meu Whisky com gelo e água de coco
E não sei tomar meu Dry Martine
Apressado e em copo descartável
Gosto de sondar transparências,
A azeitona empalada na madeira,
Observar a graça feminina das meninas
Que passam tranquilas de sei lá de onde.
Ah! Raramente tenho ressaca!
Se olharem...
Meus cabelos longos
Não me deixam passar despercebido
E a minha educação e condição
Não meu deixam passar desapercebido
E só!
Não saberia, por exemplo,
Ser subalterno de um sujeitinho ordinário
Que não sabe o básico – SER GENTE!
Não tenho saco pra lidar com malogrados e molambentos
Acometidos de solipsismo
Que os impede de agir com clareza
De olhar nos olhos e não saber simplesmente dizer:
– BOM DIA!
Não tenho nem quero sociedade
Com a escola da malandragem.
Acabou meu último lote de tolerância com a ignorância,
Com aqueles analfabetos funcionais.
Estes que não suportam a luz do SABER.
Ou seria o fato de “saber” que fugiram da escola?
Desculpem os que são gratos e satisfeitos
Com suas esmolas da preguiça,
Mas que insistem a atribuir aos céus
Por todo dia terem feijão com arroz
Isso pra mim não basta!
E digo mais:
– TRABALHAR PRA LISO
É PEDIR ESMOLA PRA DOIS.