O Motim - Parte IX

Acordo em um smoking laranja

amarrado, como fera a ser contida

e em minha vida, tudo o que fiz, nada mais foi

que ser preto e não negar quem sou

chamam por mim as autoridades

todos cristãos, decerto, em geral são

um homem branco com cara de deserto

que olha sem ver-me, verme que sou

me pergunta o que ele próprio sabe

sabre afiado, como os sonhos

sã os medonhos que se vestem de justiça

no culto, na missa, ou na audiência

excrescência maior da hipocrisia humana

que profana a fé em Deus e no homem

consomem com tudo o que lhes satisfaça

são a traça dos livros e da esperança

respondo o que sei qu todos fingem não saber

me dizem que sou traficante de escola

como esmola, colocaram em meu bolso

o maldito pó que sempre mata

os que com ele pouco lucram

enxertaram minha alma com mais dor

Que horror! achava que mais não cabia

E agora já não sei mais se é dia ou noite

Na jaula, com outras feras, o tempo

simplesmente é momento, amanhã ou ontem

não faz mais sentido

Marcelo Simas Pereira
Enviado por Marcelo Simas Pereira em 19/03/2023
Código do texto: T7743943
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