O Motim - Parte IX
Acordo em um smoking laranja
amarrado, como fera a ser contida
e em minha vida, tudo o que fiz, nada mais foi
que ser preto e não negar quem sou
chamam por mim as autoridades
todos cristãos, decerto, em geral são
um homem branco com cara de deserto
que olha sem ver-me, verme que sou
me pergunta o que ele próprio sabe
sabre afiado, como os sonhos
sã os medonhos que se vestem de justiça
no culto, na missa, ou na audiência
excrescência maior da hipocrisia humana
que profana a fé em Deus e no homem
consomem com tudo o que lhes satisfaça
são a traça dos livros e da esperança
respondo o que sei qu todos fingem não saber
me dizem que sou traficante de escola
como esmola, colocaram em meu bolso
o maldito pó que sempre mata
os que com ele pouco lucram
enxertaram minha alma com mais dor
Que horror! achava que mais não cabia
E agora já não sei mais se é dia ou noite
Na jaula, com outras feras, o tempo
simplesmente é momento, amanhã ou ontem
não faz mais sentido