Eu sou um poema. Todos somos
Versos desencontrados sem aparente sentido
Sou resto de cacos que não mais se colam
que me esfolam, me rasgam, eu ferido
Sem cura, sem dor, sem destino
Eu menino, pálido, trêmulo, lívido
Sempre aguardando o silêncio e a ausência
que é a essência do meu eu insípido.
Do que me Resta
Do que me resta e já me é o bastante
É que ora és minha vida por completo
És o Tempo, cada meu eterno instante
És o espaço, cada meu ínfimo metro
Do que me resta, nada é importante
Que não seja o que há por ti de afeto
E mora no poeta, que é ser infante,
E ainda assim é de minh’alma o cetro
Do que me resta, e é mais do que preciso
É saber que em algum lugar você existe
E que lá brilha como um astro o teu sorriso
Tornando o mundo de um outro menos triste
De tudo o que me resta, e isso eu friso
O que há de bom, só por ti inda resiste