O Motim - Capítulo 1 - Parte II
O livro, para mim, é um segredo
Sou surdo para palavras escritas
e cego para palavras bonitas
Só vejo, ouço as que trazem medo
Um mundo inteiro atrás do muro
que só os pretos podem enxergar
um caminho de vida pra tatear
Todo caminho meu é no escuro
Trago em mim a desconfiança
dos tantos olhares que me lancinam
Não me enxergam, só imaginam
e ter de revelar-se sempre, cansa
Há tantos lugares a mim fechados
O mundo, para mim, é tão pequeno
Sonhar a liberdade é veneno
Sonhos são como sabres afiados
Sequer um dia eu tive um lugar
que fosse abrigo ou conforto
Me conforta imaginar-me morto
Porque preciso morrer para sonhar