O GUME DO ÓDIO
O gume do ódio ceifa sonhos nas chacinas,
Derrama sangue sob a fúria dos tiranos,
Distorce fatos com suas tramas clandestinas
E faz discurso dos delírios mais insanos.
Desfere golpes contra corpos oprimidos,
Faz da violência uma imagem tão banal,
Usurpa a força de poderes corrompidos
Por trás de faces que destilam tanto mal.
É gume cego nos rancores das bravatas,
Brandindo o ferro em seu constante desvario,
Sacia a fome das paixões mais insensatas
Calando vozes cada vez que mostra o fio.
O gume do ódio num delírio nebuloso
Assenta a lâmina na pedra vil da injúria,
Na fé fanática que nutre o cão raivoso
Que range os dentes demonstrando tanta fúria.
Detrás do gume homens reféns do seu fascínio
Repetem gestos de um passado tão sombrio
O gume do ódio pinta quadros de extermínio
E amola ideias velhas que nunca perdem fio.
*2º Lugar na Premiação “Poema em vídeo”, integrante do II
Concurso Literário da Academia Mourãoense de Letras e
1º Prêmio Internacional de Poesia “Rubens Luiz Sartori”