ONDE A MISÉRIA EXPÕE SUAS NAVALHAS
Meu verso dorme nas calçadas frias,
Revira o lixo a procurar migalhas,
Neste cenário longe das teorias,
Onde a miséria expõe suas navalhas.
Nas ruas escuras cumpre seu exílio
Pra descansar debaixo das marquises
E vive a margem de qualquer auxílio
Pagando a conta pelos seus deslizes.
Castelos surgem na ilusão das pedras,
De plebeus ébrios que se julgam reis
Num reino atroz que não escreve regras
E onde o mais forte é quem define a lei.
Meu verso segue com seus pés descalços
Os retirantes rumos de um cortejo,
Por ordens torpes de poderes falsos
Que disfarçados forjam seu despejo.
O pão servido à mesa da penúria
Sobra no prato de quem nunca come
Na dor faminta que alimenta a fúria
E pega em armas pra calar a fome.
3º LUGAR NO 17º CONCURSO LITERÁRIO MARIO QUINTANA